Correndo atrás da tendência

Patrícia Scherer Bassani
2 min readAug 25, 2022

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Imagem em preto e branco de uma menina observando o celular. Flores brotam da cabeça.
Arte by https://www.instagram.com/jururuart/

Cada dia aparece uma modinha nova no Instagram. Enquanto dou risada de uma tendência — melhor falar trend, para acompanhar a linguagem da rede social — o pessoal já está postando a seguinte. A trend da vez pode ser uma dancinha, uma dublagem, algo do tipo antes-e-depois, muitas coisas, o limite é a nossa imaginação. Também pode ser em formato de correntes de todo o tipo: minha foto preferida, lugares que já conheço, lugares que quero conhecer ou qualquer outra ideia disponível a um toque de tela. As correntes vêm em formato de etiqueta nos stories — basta clicar para brincar.

Tem gente que acha que participar dessa mobilização coletiva é bobagem e não leva a nada. Eu discordo — é preciso proatividade para participar de uma trend, além de uma pitada de competência digital e muita criatividade. Enquanto escrevo, a trend da vez envolve a produção de um vídeo com imagens que se sobrepõem tipo colagem. Para fazer isso, é preciso pesquisar como fazer, baixar um aplicativo, produzir o vídeo, postar e depois torcer pelas curtidas. Ufa! Tem que ter vontade de aprender. Outras vezes, participar de uma trend exige um autoconhecimento elevado. Dias atrás circulou na rede uma trend em forma de corrente — mostre os 3 personagens que têm a tua vibração, a tua vibe. Fiquei empolgada para entrar na brincadeira, mas não consegui fazer essa autorreflexão a tempo — a trend passou e já chegou a seguinte. Quais os três remédios com a tua vibe? É serio isso? Essa eu não quero!

Domingo, naquela hora da preguiça em que um casal conversa amenidades por cumplicidade, eu comentei com ele que não participei da trend dos três personagens, pois só consegui pensar em dois — a Velma, da turma do Scooby-Do, porque ela gosta de decifrar pistas, e a Lilo, a garotinha havaiana que vive aventuras com seu cachorro-alienígena Stitch. Faltava uma. Ele fala: que tal uma princesa da Disney? Sorrindo, fiquei tentando imaginar em qual ele estaria pensando. Uma princesa clássica, como a Cinderela ou a Bela Adormecida? Uma princesa da resistência, como a Leia em Star Wars? Enquanto meu cérebro estava processando os links, escuto: Fiona! O sistema trava. A respiração pausa. Uma gargalhada. Franquia errada. Próxima trend, por favor.

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Patrícia Scherer Bassani

Professora do PPG em em Diversidade Cultural e Inclusão Social na Universidade Feevale. Abordo temas e dilemas da vida digital :-) https://linktr.ee/patriciab